Apicultores do Piauí lutam contra exigências do Ministério da Agricultura

Os produtores consideram que a apicultura deve ser considerada um meio de produção primário.

Os apicultores de todo o Brasil estão travando uma luta com o Serviço de Inspeção Federal – IR, contra o pedido da obrigatoriedade de um registro de relacionamento junto ao Ministério da Agricultura Pecuária em Abastecimento - MAPA.

Os produtores consideram que a apicultura deve ser considerada um meio de produção primário, portanto não configura afronta aos requisitos das legislações nem risco ao consumidor.

O Piauí é o segundo Estado com maior produção de mel do Brasil. Porém, estes números podem mudar, de acordo com o apicultor Thiago Gama os impactos desta mudança podem ser grandes.

“O impacto é gigantesco, com o crescimento a apicultura no Estado, o Piauí conseguiu expandir no Nordeste e em todo o Brasil e com isso vão aumentando as exigências”, revelou Thiago.

Os apicultores do Brasil afirmam que o custo das exigências feitas pelo MAPA, são altos. “Toda a produção de mel do Brasil, antes de ser vendido ou exportado, terá de passar por uma casa de mel registrada”, disse.

Fonte: cidadeverde.com

Da cor do mercado

Piauí investe em tecnologia, infra-estrutura e parcerias dentro da cadeia do mel e se consolida como um dos maiores produtores e exportadores brasileiros

Quem já experimentou mel de marmeleiro (Croton sonderianus), arbusto de porte altivo e floradas breves, aguardadas ansiosamente por abelhas e homens ao cair das primeiras chuvas no sertão? Diz-se, em São Raimundo Nonato, município do sudeste do Piauí, mais conhecido por sua riqueza arqueológica (abriga o Parque Nacional Serra da Capivara, local do mais antigo povoamento das Américas, considerado Patrimônio Cultural da Humanidade), que é preciso saborear favos recém-coletados deste mel raro, denso, claro e valioso, cobiçado no mercado pelo sabor inigualável (é o único do mundo com gosto de cravo-da-índia), propriedades terapêuticas e condições ambientalmente limpas de produção, para entender por que o estado virou referência em apicultura, transformando-se em pouco tempo num dos maiores produtores brasileiros de mel, com cerca de quatro mil toneladas por ano, e um dos principais exportadores. Embora ocorra à farta na caatinga hipoxerófila (áreas com solo menos seco que a caatinga tradicional), que cobre grande parte do semi-árido, o marmeleiro (não confundir com a espécie Pyrus cydonia, da qual se extrai frutos para fazer doces) não é a única fonte de mel de alto valor comercial do Piauí.


Picos, Oeiras, Simplício Mendes, Coronel José Dias, São Raimundo Nonato e outros municípios da região, responsáveis por 70% da produção estadual, destacam-se também por floradas nativas variadas, das quais se originam outros méis de sabor especial, como o da faveira, levemente amargo, ou o cajueiro, de tonalidade escura e gosto forte.

Caracterizada por extensas áreas de matas preservadas - verdadeiro pasto apícola natural transformado em tapete de flores de cores diversas no período chuvoso -, a região vem atraindo investimentos públicos como o programa BB Convir - Convênio de Integração Rural, desenvolvido pela Secretaria de Agronegócios do Piauí e Banco do Brasil com o propósito de financiar a agricultura familiar, gerar renda no meio rural, incentivar a produção e fomentar as exportações; e particulares, como a Samel, do apicultor Samuel Lima Araújo, maior exportadora brasileira de mel, com unidade industrial instalada em São Raimundo Nonato, a 550 quilômetros de Teresina.

José Augusto Bezerra

Apicultura do Nordeste busca criação de entidade regional

No dia 04 de novembro de 2009, durante a abertura do 1º Congresso Nordestino de Apiculura, realizada no Othom Palcede Hotel de Salvador, o Coordenador da UNAMEL/UNIÃO NORDESTINA DE APICULTURA E MELIPONICULTURA, Robert Ferreira, que é Consultor do SEBRAE no Piauí, apresentou proposta de criação de uma Entidade de representação regional para a apicultura praticada no Nordeste.

A Entidade, que tem representantes do setor produtivo, institucional e dos SEBRAEs dos 09 Estados da região, buscará promover a comercialização, realização de estudos, terá um banco de dados e um site com todo o nível de informação sobre o segmento no Nordeste e Brasil.

Ao evento esteve presente o Governador Jacques Vagner, da Bahia e mais os Secretários da Agricultura e Irrigação e o da Agricultura Familiar. O Governador prometeu apoiar a reividicação, inclusive sugerindo que o tema faça parte de umas das próximas reuniões da ADENE/Agencia de Desenvolvimento do Nordeste (antiga SUDENE).

Redação

Início da apicultura no Brasil

As abelhas do gênero Apis não sendo nativas do continente americano, foram trazidas para o Brasil no início do século XIX, pelo Padre Antônio Pinto Carneiro, com autorização do Imperador D. Pedro II. As colônias de abelhas teriam chegado ao Brasil procedentes do Porto, Portugal. Das 100 colméias embarcadas, apenas sete sobreviveram à viagem, e aqui logo proliferaram, dando início à apicultura nacional. Foram introduzidas no Estado do Rio de Janeiro, expandindo-se para o sul pelos padres jesuítas. Mais tarde, com a vinda de imigrantes europeus italianos, alemães e espanhóis, intensificou-se no Brasil a criação de abelhas européias, popularmente conhecidas por “Europa”.

Em virtude da decadência genética e conseqüente falta de produtividade da abelha européia, o governo brasileiro formalizou pedido para o então Professor Pesquisador Dr. Warwick E. Kerr, para averiguar a veracidade das notícias de alta produtividade das abelhas africanas. O pesquisador permaneceu por três meses observando e acompanhando o trabalho e o comportamento das raças africanas. Em 1956, a equipe do professor Kerr trouxe para o Brasil duas subespécies de abelhas africanas: a Apis mellifera capensis e a Apis mellifera adansonii. Descobriu-se mais tarde que ocorreu a introdução da Apis mellifera scutellata e não da Apis mellifera adansonii.

No período de observação pela pesquisa, essas abelhas enxamearam, expandindo-se por todo o continente. Durante a década de 60, em função de seu comportamento defensivo, foram chamadas de abelhas assassinas. Nas outras duas décadas, já aclimatadas, com a mistura de raças: européia e africana, e recebendo o manejo adequado, revelaram sua alta capacidade de produção e resistência a doenças e parasitas.

(Fonte: Apicultura para iniciantes. Emater /PR. 44p. Série Produtor. Curitiba, 2000.)