Conciliar agendas de pais e filhos, especialmente os que moram em regiões metropolitanas, não é tarefa fácil. É comum encontrar famílias nas quais cada membro tem um horário diferente para acordar, fazer as refeições e dormir.
No entanto, educadores e psicólogos têm enfatizado a importância dos momentos de convívio no lar. A orientação é respaldada por pesquisas, como a realizada em 2012 pelo Centro Nacional sobre Dependência e Abuso de Substâncias da Universidade Columbia, de Nova York.
O levantamento constatou que os adolescentes que faziam refeições em família com frequência –de cinco a sete vezes por semana– eram menos estressados, tiravam notas melhores na escola e estavam menos vulneráveis ao consumo de drogas legais e ilegais. Esse grupo foi comparado a outro que reunia jovens que se sentavam à mesa com os pais duas vezes por semana ou menos.
"A família é o núcleo fundamental de constituição do ser humano. É nesse convívio que os pais transmitem aos filhos valores, educação, cultura, tradições e um modelo de comportamento social", explica a psicóloga Denise Maria Perissini, especialista em Psicologia da Família e membro-colaboradora da Comissão de Direito da Família da OAB de Santo Amaro, em São Paulo.
"Além disso, os esforços para manter a família unida mostram, principalmente aos mais jovens, que os problemas podem (e devem) ser resolvidos em conjunto, respeitando as diferenças individuais", diz a psicóloga.
Vale a pena, portanto, colocar todo o empenho possível no objetivo de aproximar a família, garantindo o bem-estar de todos os membros. Confira, a seguir, algumas atitudes que podem ajudá-lo a atingir essa meta.
1. Reunir a família ao redor da mesa
Procure fazer pelo menos uma refeição diária com a família toda junta. Se não for possível reunir o grupo no almoço ou no jantar, vale acordar um pouco mais cedo para fazer um café da manhã especial ou, ao contrário, preparar uma ceia bem tarde da noite, quando todos já chegaram. O importante é criar um momento para pôr em dia as novidades. Envolver os filhos no preparo dos alimentos e na organização da cozinha também ajuda a criar momentos de intimidade.
2. Estimular a comunicação
Mantenha abertas todas as vias de diálogo, mesmo que haja divergências. "Para estar unido, não é necessário concordar em todos os pontos", diz Cíntia Reis de Silva, psicóloga pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Campinas e especialista em psicologia familiar e conjugal. O importante é compreender, aceitar as diferenças e desenvolver o sentimento de respeito mútuo.
Isso vale mesmo quando os membros estão geograficamente distantes. Nesse caso, a psicóloga Denise sugere aproveitar todos os recursos de comunicação disponíveis: "Se não é possível garantir a presença física, telefonemas periódicos ou postagens frequentes nas redes sociais ajudam a manter a comunicação ativa entre os familiares. Isso aumenta a motivação para se reunirem, não apenas nas datas comemorativas ou em circunstâncias extremas (como falecimentos, por exemplo), mas o ano inteiro".
3. Programar atividades de lazer
Garantir que a família se divirta unida, com alguma regularidade, ajuda a manter o vínculo. Vale planejar atividades simples, das quais todos possam desfrutar: filmes adequados a todas as faixas etárias (os adultos vão se surpreender com a qualidade de algumas produções infantis e adolescentes), jogos de tabuleiro ou uma caminhada no parque.
4. Criar novas datas para comemorar e relembrar
Se os membros da família dividirem os mesmos valores morais, culturais e religiosos, a probabilidade de que continuem caminhando próximos será maior. E uma boa maneira de reforçar os princípios da família é criar novas datas para comemorar ou relembrar feitos ou pessoas importantes, fora do calendário comercial.
"Nessas cerimônias particulares, lembrar datas de luto em respeito aos que já se foram tem um enorme significado simbólico e afetivo para a compreensão e o fortalecimento da história da família", afirma Cíntia. Pais e filhos também podem se reunir para ações de caridade ou para a prestação de serviços, como arrecadação de suprimentos para asilos, orfanatos ou vítimas de tragédias. "Essas atividades transmitem o sentimento de solidariedade", diz a psicóloga.
5. Participar da vida escolar dos filhos
O compromisso com a educação dos filhos não se resume apenas à presença nas reuniões de pais e nos eventos comemorativos da escola. Cabe aos pais acompanhar as lições de casa, sem interferir na execução da tarefa, e buscar, na medida do possível, a integração em outras atividades educativas, incluindo as esportivas, que contribuem para o cultivo de afinidades.
E, nessas situações, participar não é apenas conferir os resultados, mas acompanhar todo o processo: "Existem pais que nunca assistem aos treinos do filho e só aparecem nos dias de competição. Isso pode deixar a criança ou o adolescente confuso quanto à valorização que a família lhe dá. Os filhos devem ser valorizados em todas as etapas, inclusive nos fracassos, e não somente quando ganham medalhas", declara Denise Perissini.
6. Não forçar a barra
As atividades que buscam integrar a família precisam ser prazerosas para todos, ou perderão completamente o sentido. Por isso, é preciso atenção e cuidado com as diferenças individuais. Há pessoas que precisam ficar mais tempo reclusas do que outras e essa característica precisa ser respeitada.
A psicóloga Cíntia diz, ainda, que não se pode confundir autonomia com ausência de laços afetivos: "A autonomia emocional é necessária para que cada indivíduo da família cresça e busque viver a sua própria história, porém, sem abrir mão da sensação de pertencimento a um grupo familiar no qual encontra segurança. Os membros da família devem estar juntos por prazer, não por dependência".
7. Buscar ajuda
Que ninguém se engane: onde há convivência, há conflito. Então, diante de um problema familiar, encarar o problema e buscar recursos para resolvê-lo o quanto antes é sempre a melhor saída. Portanto, não hesite em buscar a ajuda de um profissional especializado em terapia familiar quando perceber que pais e filhos não estão conseguindo, sozinhos, curar as feridas e restabelecer a confiança fundamental para que, juntos, possam seguir adiante.
Postado por Robert Ferreira com base em artigo de Suzel Tunes e Thaís Macena
do UOL – Comportamento