Uma Van equipada com aparelhos para realizar exames e ultrassonografias tem reduzido muito a morte de ovelhas e cabras em sete Estados do país.

O Bode Móvel, como é chamado o veículo, leva o veterinário a fazendas e pequenas propriedades rurais para detectar doenças e verificar se as fêmeas estão prenhes. A iniciativa é do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).


"Como seria difícil levar todo o rebanho até o laboratório, decidimos levar o laboratório até o produtor", afirmou Enio Queijada, gerente de agronegócio do Sebrae.

A ação tem colaborado para a queda da mortalidade nos rebanhos, especialmente no Rio Grande do Norte. Nesse Estado, o Bode Móvel circula por dez municípios produtores desde 2005.

Morte de animais por verminose no RN diminui em conseqüência do programa

De acordo com o gerente do Sebrae-RN, Vamberto Torres de Almeida, a mortalidade de animais no Estado nordestino em 2007 correspondia a 18% do rebanho, principalmente por conta de verminoses. Em 2010, quando foi feito o último levantamento, o índice já havia caído para 8%.

No Rio Grande do Norte, o Bode Móvel atende a 300 produtores. "O fundamental do projeto é fazer o trabalho preventivo de doenças na agricultura familiar, em propriedades onde geralmente não há profissionais à disposição", disse Almeida.

O Estado possui um carro para atendimento e dois veterinários, que se revezam para visitar os dez municípios. "Por conta disso, fazemos atendimentos de seis em seis meses, quando o ideal seria a cada três meses", afirmou o gerente do Sebrae-RN.

Algumas amostras recolhidas são examinadas na própria van, como acontece com as fezes utilizadas para detectar verminoses. O resultado é entregue no mesmo dia para os produtores, já com orientações de como cuidar do animal, caso seja descoberto algum problema. Outras amostras são entregues a laboratórios parceiros, e o resultado do exame pode levar de 10 a 15 dias para ficar pronto.

O projeto iniciou-se na Paraíba há oito anos, e hoje, além do Rio Grande do Norte, também está presente em Alagoas, Piauí, Espírito Santo, São Paulo e Rio Grande do Sul. O programa paulista foi chamado de Carneirão; já o gaúcho tem o nome de Borregão, uma referência ao filhote de ovelha, o borrego.

Para financiar o projeto, o Sebrae faz parcerias com prefeituras, secretarias de Agricultura e universidades. De acordo com Almeida, do Sebrae-RN, o custo médio do Bode Móvel é de R$ 8 mil reais por mês.

Verminose é o pior problema dos rebanhos de cabras e ovelhas

Identificada por meio das fezes, a verminose é uma das doenças que mais afeta os rebanhos de cabras e ovelhas, e pode diminuir a produção de leite e de carne do animal.

Para Rizaldo Pinheiro, veterinário da Embrapa Ovinos e Caprinos, em Sobral (CE), é importante que o problema seja detectado o quanto antes. "Isso só é possível por meio de exames, para que o tratamento seja adequado. Além disso, é uma doença que passa de um animal para o outro e o deixa anêmico", disse.

A contaminação acontece por meio da alimentação. Pinheiro explica que, normalmente, o verme é encontrado no pasto. "A larva ingerida se desenvolve no estômago do animal e sai na forma de ovos pelas fezes, contaminando o pasto. Depois, os animais se alimentam no ambiente contaminado e adoecem", afirmou. Os exemplares afetados devem ser tratados com vermífugos.

Outra doença detectada pelo Bode Móvel é a artrite-encefalite caprina, uma virose animal diagnosticada apenas por exames de sangue. "A CAE, como é conhecida, causa pneumonia, encefalite [inflamação no cérebro] e mamite [inflamação mamária], diminuindo a produção de leite e de carne do rebanho. Quando detectada, o animal deve ser separado do resto", disse Pinheiro, informando que a contaminação ocorre por meio de secreções, leite e sêmen.

Para o veterinário da Embrapa, a importância de profissionais que vão até os produtores é o controle da disseminação das doenças e, também, a orientação para boas práticas agropecuárias. "Há casos, por exemplo, em que o animal tem de ser abatido, causando prejuízo ao produtor", disse.

Postado por Robert Ferreira com base em artigo do site UOL Economia - Agronegócio

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