Alimentação balanceada, exercícios regulares, álcool sob
controle, cigarro à distância, muitas horas de sono. Se tudo isso já faz parte
da sua rotina, parabéns: você cumpre alguns dos pré-requisitos para viver mais.
Acontece que há muitos outros: bons hábitos e fatores externos que são
fundamentais para se chegar a uma “melhor idade” digna do nome.
Boa parte dessas novas regras são desdobramentos de estudos que
levam em conta a influência que a sua personalidade e o seu entorno podem ter
na sua longevidade. O principal deles é um estudo da Universidade Stanford, na
Califórnia, iniciado pelo médico Lewis Terman em 1921. Naquele ano, ele
selecionou um grupo de 1 500 crianças para acompanhá-las durante os anos
seguintes. Terman faleceu em 1958, mas seus assistentes (e os assistentes
deles) seguiram acompanhando todo o grupo durante décadas, na alegria e na
tristeza, na riqueza e na pobreza, até que suas mortes os separassem.
Em 2012, as conclusões foram apresentadas. Os conselhos
clássicos de se manter ativo, bem alimentado e tranquilo continuam valendo,
claro. Mas os pesquisadores chegaram a algumas informações surpreendentes:
trabalhar muito é um caminho para viver muito, otimismo de mais pode ser
prejudicial e a genética não é assim tão determinante para prever seu futuro.
Conheça essas e outras lições nas próximas páginas. Afinal, o negócio não é só
chegar a 100: é chegar bem.
1- Nunca, nunca se aposente
Pesquisas que comparam trabalhadores e aposentados da mesma idade mostram: quem
parou está pior. Claro, vai depender da sua rotina. Mas como sabemos que a
poltrona é tentadora, fique esperto. Não precisa trabalhar muito, nem todo dia
– ache um hobby, um curso, um compromisso regular. E, não, assistir TV não
conta como hobby.
2. Passar fio dental faz bem para o coração
O que uma coisa tem a ver com a outra? Acompanhe o raciocínio: se você não
passar fio dental, vai acumular placa bacteriana, que vai causar gengivite, que
vai provocar a liberação de substâncias conhecidas como químicos da inflamação,
que são os vilões por trás de várias doenças cardíacas. Mas se isso não for
argumento suficiente pra você… poxa, gengiva inflamada, dentes em falta e mau
hálito não ajudam ninguém na terceira idade.
3. Otimismo faz mal à saúde
Enxergar apenas o lado bom das coisas tem seu lado ruim. Pois é: pessoas
otimistas tendem a subestimar riscos – um traço de personalidade que pode levar
de ultrapassagens ousadas a longas ausências no médico. Além disso, otimismo
além da conta deixa você frustrado demais com as dificuldades da vida. Ou seja:
com um pé atrás, você vai mais longe.
4. Socializar é a fonte da juventude
Quanto mais velhos, menos saímos de casa. Lute contra isso: a ciência garante
que conviver com outros é o gatilho de benefícios físicos e mentais que
prolongam a vida.
5. Deus ajuda quem vai à igreja
Fato: quem comparece à missa, culto, centro espírita, sinagoga, terreiro etc.
em geral vive mais. Dilema: religiosos vivem mais porque rezam ou rezam porque
vivem mais? Os dados não permitem concluir se a saúde dos anciãos é beneficiada
pela experiência ou se, na verdade, quem tem disposição para ritos religiosos
são justamente os mais saudáveis. Moral da história: na dúvida, tenha fé em
alguma coisa – nem que seja em Richard Dawkins.
6. Beba. E não precisa ser tacinha de vinho
Quando o assunto é álcool e longevidade, só se fala em vinho tinto.
Preconceito: vinho branco, cerveja, uísque e outros fermentados e destilados
também podem fazer bem. Há um índice menor de doenças cardiovasculares
relacionado ao consumo diário de até duas doses – e de apenas uma para
mulheres, ponto para os homens! Mas a ALFA e o Ministério da Saúde advertem:
beba com moderação. Passou de duas doses, já vira problema.
7. Palavras cruzadas salvam vidas
Atividades que exercitam seu cérebro mantêm sua inteligência e prolongam sua
lucidez. Opções não faltam: palavras cruzadas, xadrez, videogame, sudoku,
qual-é-a-música. Detalhe: assim que estiver craque, troque de treino – seus
neurônios só mantêm o frescor enfrentando novos desafios.
8. Mulher: o negócio é imitar
Elas vão mais ao médico, comem melhor, fumam menos, envolvem-se em menos acidentes
e, assim, vivem mais. Então, deixe de frescura: seja mais feminino.
9. Não fique viúvo. Você não sabe se cuidar sozinho
Não bastasse haver cinco viúvas para cada viúvo no Brasil, elas ainda vivem
muito mais depois de perder seus maridos do que nós após perdermos a esposa. A
verdade é que, sozinhos, tendemos ao caos – o que aos 30 anos tem seu charme,
mas em uma idade avançada é fatal. Então, não fique solteiro: sua saúde
agradece.
10. Pare de se incomodar com bobagem
Mágoa, rancor, ressentimento: se ao ler essa lista você já recorda de vários
exemplos pessoais, calma. Não é por aí. Se cultivados, esses sentimentos
descambam na produção de cortisol, um hormônio que ataca seu coração,
metabolismo e sistema imunológico. Diversos estudos relacionam uma alta taxa de
cortisol a uma morte precoce. Portanto, aprenda a perdoar, relevar, deixar pra
lá. Como dizia o guru indiano Meher Baba: Don’t worry, be happy – pois é,
também achava que vinha daquela música.
11. Não confie nos seus genes
“Meu avô viveu 90 anos, não preciso me preocupar.” Precisa. Uma nova pesquisa
concluiu que apenas 25% da duração da nossa vida podem ser atribuídos à herança
genética; os outros 75% dependem de você. Se quiser chegar aos 90 como o seu
avô, descubra como ele fez para chegar lá.
12. Não tenha amigos legais. Tenha amigos saudáveis
OK, eles não são excludentes. Mas o ponto é: da mesma maneira que, para ganhar
dinheiro, é melhor se cercar de ricos, e para emagrecer convém conviver com
magros, para se ter saúde a receita é arranjar uma turma saudável – você
melhora sem querer querendo.
13. Tenha filhos – ou algo parecido, como cachorros
Caso tenha se ofendido, por favor, volte ao item 10. Pronto. É o seguinte:
possuir uma conexão com alguém mais jovem que você (filho, enteado, sobrinho,
neto) é algo que te mantém interessado pelo mundo à sua volta – e mais a fim de
continuar vivendo nele. E, sim, cachorro e gato também contam: além de manter
você conectado, curtir um animal de estimação libera ocitocina, o hormônio
benéfico liberado na convivência pais e filhos.
14. Seja bom no que você faz. Ao menos tente
Quanto menos trabalho, melhor. Esse conselho, que parece vindo do personagem
Macunaíma, de Mário de Andrade, foi durante muito tempo adotado pelos
especialistas em longevidade. Acreditava-se que uma vida sem esforço seria uma
vida longa. Mas os médicos observaram que parece haver uma relação entre
longevidade e empenho profissional. Por incrível e justo que pareça, passar
décadas se dedicando e evoluindo em algo que você valoriza, ou seja, ralando
muito, pode lhe valer vários anos a mais. Ao menos, garantem os especialistas,
em comparação com quem passar o mesmo bocado de tempo trabalhando no que não
gosta – essa sim é uma receita garantida para viver menos e pior.
15. Ser um pouco hipocondríaco vale a pena
Você vai continuar sendo considerado chato pela maioria dos amigos, mas
pesquisas apontam que quem desconfia mais da própria saúde vive mais. No caso,
é melhor prevenir e se remediar.
Postado por Robert Ferreira com base em artigo na Revista Alva, coluna Comportamento.
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