Herdeiros da sanfona real

Música. O 'reino da sanfona nordestina' está em festa. É comemorado neste ano o centenário do rei. Enquanto ele descansa no seu pé-de-serra eterno, vê os fiéis escudeiros disseminarem os ideais musicais que sempre defendeu.


Não fosse a marca do sol em sua pele e a 'nordestinidade' em sua alma, poderíamos dizer, em devaneio, que o nosso rei completaria a dinastia dos Bourbon. O nome dos nobres da casa não lhe faltou, Luiz (apesar de ser grafado com ‘z’). Se fosse o XX, continuaria a espécie dos reis da França.

Assim como eles, em sua excentricidade marcou o seu reinado pelo vestuário, os altos e baixos e o talento para a música. O figurino não era inspirado no período rococó, mas a riqueza dos detalhes esculpidos no couro do gibão de vaqueiro e no chapéu,fariam jus ao manto de um monarca. A popularidade, no entanto, nem sempre esteve em alta, como todo bom comandante de um reino.

E a sua pátria? O Nordeste, claro. Natural de Pernambuco, andou, viveu e cantou todos os oito estados da região com igual amor.

Prestes a completar um centenário de nascimento, me permito proferir um chavão para dizer que o nosso 'Rei do Baião' está cada vez mais vivo entre nós. Desde o início do ano as homenagens não param. Apesar de a comemoração oficial estar programada para dezembro, o Nordeste inteiro, e por que não dizer o Brasil, espera ansioso os festejos juninos para relembrar o Mestre Lua.

A festa é grande, para milhares de súditos. O banquete de milho, bolo, pé-de-moleque, pipoca, aluá e outros quitutes já pode ser encontrado; E para dançar, uma boa quadrilha ao som de xote, xaxado, baião e muito forró, claro.

Como bom rei, Gonzagão, que tornou a música nordestina conhecida em todo o país e até fora dele, deixou herdeiros. Alguns escolhidos por ele, em vida, outros que assimilaram seus ideais através da memória afetiva popular.

Postado por Robert Ferreira, com base em texto do site AgroValor

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