Está na hora de enfrentarmos a convivência com as motocicletas. Não é um tema só de São Paulo ou de cidades grandes. Até as cidades médias já sofrem por isso.
O pior problema da cidade, em abrangência e intensidade, é o trânsito. Atinge da classe A a Z, todo dia, por pelo menos 15 horas. Safa-se dele quem anda de helicóptero ou vive em casa.
No trânsito estão as motos. Motos por todo lado: pela esquerda, pela direita, irrompendo por entre os carros -nem sempre com espaço- avançando agressivamente sobre os pedestres, numa cidade já nada gentil.
Quem já não teve um espelho quebrado, uma porta chutada ou precisou pular de lado para não ser atropelado?
Nem todo motoqueiro é hostil. Mas boa parte é.
Duas abordagens extremistas não ajudam na solução: a) tratar os motociclistas como coitadinhos, que só têm esse procedimento porque são escravizados pelos patrões; b) considerá-los vilões exclusivos e não enxergar a real necessidade desse tipo de modal.
Nem coitadinhos, nem inimigos públicos.
Há uma terceira postura, essa a mais grave: fingir que o problema não existe. Deixar rolar, aplicando a solução orgânica: a própria natureza trata do assunto.
Dá no que dá: manchete da Folha, sábado, 26, no Cotidiano: "Motos matam um pedestre a cada três dias". A matéria mostra que 603 pessoas perderam a vida em acidentes envolvendo moto entre agosto/2009 e julho/2010: 139 pedestres, 399 condutores, 59 passageiros de moto, cinco ciclistas e um passageiro de carro.
Vidas desperdiçadas. Um absurdo. Que crescerá se não houver providências fortes, rápidas, rigorosas.
O primeiro ponto óbvio é rever o Código Brasileiro de Trânsito, que não está adequado à realidade das motos nas cidades. Segundo, melhor identificação dos motoqueiros, que criam a maior resistência para usarem coletes ou outras formas de identificação. Terceiro, aumentar a fiscalização e criar rotas específicas, além de entender o movimento e as necessidades de quem conduz uma moto.
Na verdade, cabe estruturar o cotidiano das motocicletas em toda a sua verdadeira dimensão, regulamentar e manter com firmeza as regras de convivência para todos. Como está, não pode ficar.
Postado por Robert Ferreira com base em artigo de José Luiz Portella da FOLHA DE SÃO PAULO
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