Maior perigo não é o vírus, mas ódio, ganância e ignorância

O historiador israelense Yuval Noah Harari afirma que resposta à crise do coronavírus deve ser mais solidariedade, sendo que o mundo aprendeu a confiar mais na ciência. Ele fala também de trabalho e vigilância. 

Leiam alguns fragmentos da entrevista: 

“Acho que o maior perigo não é o vírus em si. A humanidade tem todo o conhecimento e as ferramentas tecnológicas para vencê-lo. O problema realmente grande são nossos demônios interiores, nosso próprio ódio, ganância e ignorância. Temo que não se esteja reagindo a esta crise com solidariedade global, mas com ódio, colocando a culpa em outros países, em minorias étnicas e religiosas. 

CIÊNCIA 

Nos últimos anos, temos visto diversos políticos populistas atacarem a ciência, dizerem que os cientistas são uma elite remota, desconectada do povo; que coisas como a mudança climática não passam de uma farsa, que não se deve acreditar nelas. Mas neste momento de crise por todo o mundo, vemos que as pessoas confiam mais na ciência do que em qualquer outra coisa. 

(…) quando cientistas nos alertam sobre outras coisas, além de epidemias – como mudança climática e colapso ambiental – ouçamos as advertências deles com a mesma seriedade que temos agora com o que dizem sobre a pandemia do coronavírus. 

NOVAS VIGILÂNCIAS 

Devemos ser muito, muito cuidadosos a esse respeito. Vigilância sobre a pele é monitorar o que se faz no mundo exterior: aonde você vai, quem encontra, ao que assiste na TV, que sites visita online. Ela não entra no seu corpo. Vigilância subcutânea é monitorar o que está acontecendo dentro do seu corpo. Começa com coisas como a temperatura, mas aí pode partir para a pressão sanguínea, frequência cardíaca, atividade cerebral. E uma vez que se faça isso, é possível saber muito mais sobre cada indivíduo do que em qualquer outra época: você pode criar um regime totalitário como nunca se viu antes. 

TRABALHO 

Esta crise está causando mudanças tremendas no mercado de trabalho; as pessoas trabalham de casa, trabalham online. Se não tomarmos cuidado, pode resultar no colapso do trabalho organizado, pelo menos em alguns setores industriais. 

Mas isso não é inevitável: é uma decisão política. Podemos tomar a decisão de proteger os direitos trabalhistas em nosso país, ou em todo o mundo, nesta situação. Os governos estão resgatando financeiramente indústrias e corporações, eles podem condicionar a ajuda à proteção dos direitos dos empregados. Então tudo depende das decisões que tomemos. 

FUTURO 

Acho que historiadores futuros verão este como um ponto de mutação na história do século 21. Mas a forma que dermos a ele dependerá de nossas decisões. Não é inevitável”. 

Postado pelo Administrador e Músico Robert Ferreira com base em artigo do portal Deutsche Welle (DW), órgão de imprensa do Estado Alemão, que entrevistou o historiador israelense Yuval Noah Harari. 

VOCÊ ESTÁ RECLAMANDO DO QUE MESMO?


Imagine por um momento que você tivesse nascido no ano de 1900.

Quando você tinha 14 anos, começa a Primeira Guerra Mundial e termina apenas quando você tem 18 anos, deixando 22 milhões de mortos.

Um pouco depois, aparece uma pandemia mundial, a Gripe Espanhola, matando 50 milhões de pessoas. E você está vivo, com 20 anos de idade.

Aos seus 29 anos, você sobrevive à crise econômica mundial que começou com a queda da Bolsa de Nova York, causando inflação, desemprego e fome.

Quando você está com 33 anos, o Nazismo chega ao poder.

Quando você está com 39, começa a Segunda Guerra Mundial e termina quando você já tem 45 anos, com 60 milhões de mortos. No Holocausto, morrem 6 milhões de judeus.

Quando você está com 52 anos, começa a Guerra da Coreia.

Quando você está com 64, começa a Guerra do Vietnam e termina quando você já tem 75 anos.

Uma pessoa que nasceu em 1985 por exemplo, pensa que seus avós não têm a menor ideia de como a vida é difícil, sem saber que eles sobreviveram a várias guerras e catástrofes.

Hoje nos encontramos com todas as comodidades de um mundo novo e moderno, em meio a uma pandemia.

As pessoas se queixam por ter que ficar confinadas em casa por várias semanas ou meses, contando em seus lares com eletricidade, celular, comida e alguns até com água quente e um teto seguro sobre suas cabeças.

Nada disso existia em outros tempos. Mas a humanidade sobreviveu sob essas condições e nunca perdeu a alegria de viver.

Hoje reclamamos que temos que usar máscara para entrar nos supermercados.

Há uma coisa que pode fazer milagres: uma pequena mudança no nosso modo de ver a vida e o que os nossos antepassados viveram.

Você está reclamando do que mesmo?

Postado pelo Administrador e Músico Robert Ferreira com base em textos diversos.