Alguns produtos ricos em fibras podem ter grandes quantidades de açúcar refinado, sal ou gordura
A obesidade tem sido um tema central em publicações
relacionadas à saúde. De fato, sua magnitude merece espaço. O excesso de peso
tem sido fortemente relacionado a diversas doenças como diabetes, doenças
cardíacas, hipertensão arterial, gordura no fígado e até alguns tipos de
câncer. Mudanças no estilo de vida com maior atividade física e cuidados com a
alimentação são armas poderosas no combate ao que se considera o mal do
século.
As fibras são fortes aliadas nesse processo. É consenso
em toda literatura médica os benefícios do consumo de fibra no controle do
peso. Vários mecanismos podem estar associados a esse benefício. Entre eles o
poder de proporcionar saciedade dos alimentos ricos em fibra, isso porque as
fibras, principalmente as solúveis, aumentam a viscosidade das dietas tornando
a digestão mais lenta. Esse processo também pode gerar o aumento da secreção de
alguns hormônios relacionados à saciedade. Além disso, as fibras da dieta podem
impor uma barreira mecânica à absorção de macronutrientes como as gorduras e
carboidratos no intestino ajudando a controlar a glicemia e o colesterol.
Com tantos benefícios, o uso das fibras passou a ser uma
arma da indústria de alimentos para enriquecer seus produtos e melhorar suas
imagens. É possível encontrar bebidas gaseificadas, água, requeijão,
salgadinhos, bolachas, sucos e uma infinidade de produtos enriquecidos com
fibras. Por traz do apelo de produto integral ou rico em fibra, o que estamos
encontrando é uma variedade de produtos ricos em açúcar ou sal e gordura, muita
gordura. E o inevitável acontece: ganho de peso! O consumo de alguns produtos
com rótulos de integrais está contribuindo para obesidade. Um verdadeiro
paradoxo!
Há outra questão muito relevante para o aumento do peso a
partir do consumo desses alimentos. Refere-se ao fato de que produtos com
alegações de saúde são consumidos em quantidades elevadas. Tanto produtos
industrializados, principalmente as bolachas, como alimentos minimamente processados
como arroz integral e massas. O fato de ser integral funciona como um aval para
consumo exagerado. E é justamente o inverso que pode trazer benefícios à saúde.
Como a fibra aumenta a saciedade, o esperado seria que as pessoas comessem
menos desses produtos e não mais.
A saciedade é um mecanismo extremamente complexo e muitas
vezes o consumo de fibra não é capaz de diminuir a fome e ajudar com
emagrecimento. Mesmo assim, alimentos ricos no nutriente continuam fazendo
parte da recomendação de saúde. O único modo de garantir a presença de fibras
na dieta e tirar algum proveito desse nutriente é consumi-la em todas as
refeições, todos os dias. É possível alcançar a recomendação ideal de fibras
consumindo pelo menos quatros tipos de frutas, duas porções de legumes e
verduras, duas porções de grãos e três porções cereais integrais como pão e
arroz. As porções devem ser ajustadas individualmente para que os resultados
alcançados sejam realmente positivos.
Quanto aos produtos industrializados, o consumidor deve
ficar atendo para não cair em armadilhas minuciosamente articuladas pela
indústria de alimentos. Ter fibras ou ser integral não deve ser o único
critério para escolher determinado alimento. É preciso ser pobre em gordura,
sal e açúcar e a quantidade dever ser igual ou superior a 2 gramas de fibras em
de 30 g de alimentos.
Postado por Robert Ferreira com base em texto da
nutricionista Amanda Epifânio Pereira no site http://msn.minhavida.com.br