A Copa do Mundo de 2014, que
será realizada dentro de um ano no Brasil, parece distante do calendário de
quem pretende acompanhar o evento como torcedor. Contudo, se o objetivo for
participar economicamente de alguma forma, a preparação já está atrasada e
precisa começar agora. A expectativa é que a Copa movimente US$ 10 bilhões em
investimento no país, que eleve em 3% o Produto Interno Bruto (PIB) daquele
ano, propicie uma arrecadação de R$ 700 milhões em impostos, que sejam
contratadas 100 mil pessoas para trabalhar na preparação e durante o evento e
que o País deva receber pelo menos cerca 300 mil turistas estrangeiros. Todos
estes números dão a dimensão das oportunidades que devem ser criadas.
Os setores de comércio e serviços serão os mais beneficiados porque estarão na
ponta final do consumo, mas há um grande potencial para os setores de produção
garantirem uma boa fatia destes lucros que serão gerados ao longo destes quatro
anos e que, em realidade, começam a ser injetados na economia em 2013, pois o
Brasil sedia a Copa das Confederações que acontece antes da Copa do Mundo.
Haverá oportunidades que vão desde a venda de produtos e de alimentos para os
turistas até serviços de transporte e eventos, bem como o próprio turismo em
geral.
Olhando por este prisma e sendo parte de um sistema de produção de alimentos é
possível imaginar as imensas possibilidades de ganhos com esta oportunidade
para o agronegócio ovinocultura. Ganhos estes que são não só financeiros como
políticos e institucionais. Por isto, acredito que é extremamente importante
para a atividade, participar de forma direta e indireta deste business chamado
Copa do Mundo de Futebol. Mas, por incrível que pareça, não vejo qualquer
movimento das principais entidades representativas do setor em articular ações
que favoreçam esta participação. Nem da ovinocultura, nem de todo o agronegócio
brasileiro.
Ao que parece, existe uma falta de visão sobre qual a importância de receber
este evento e o que ele pode trazer de negócios antes, durante e depois de ser
realizado. Até este momento houve um único movimento de iniciativa do Governo
Federal, através do Ministério de Desenvolvimento, em chamar representantes do
agronegócio para debater o tema. Mas isto já faz mais de dois anos. Creio que
os representantes dos Governos e dos produtores deveriam sentar-se à mesa para
formarem uma frente de trabalho em torno da Copa do Mundo. Uma frente cujo
objetivo é elencar ações práticas de como o Agronegócio Ovinocultura vai
participar da Copa, e de que forma vai obter ganhos com isto.
Acredito que a visão sobre este tema deve ser que a principal conquista desta
ação seja um derradeiro ganho de espaço nos mercados externos e no interno, a
partir de todos os países que nos visitarem ou mesmo dos turistas brasileiros,
em relação aos produtos Made in Brazil. Estes produtos deverão ser
reconhecidos pela excelência de qualidade, sustentabilidade e economicamente
justos, desde o seu processo inicial, como o plantio ou a criação, por exemplo,
até o processamento e a colocação nas prateleiras ou quaisquer outros locais de
consumo.
É uma ação que precisa ser coordenada pelas entidades privadas, com suporte e
apoio dos Governos, para não sofrer com a descontinuidade do processo, fato que
ocorre por causa da troca política provocada por eleições. E é também um
trabalho que deve ter metas e objetivos claros, passíveis de serem realizados e
que envolva o maior número de pessoas, proporcionando aumento e manutenção de
postos de trabalho e, principalmente, ganhos na renda a quem produz, esteja ele
em que estágio estiver do sistema de produção.
Uma força tarefa deste nível pode ter como metas a serem atingidas até
2014, os seguintes itens:
- O aumento do rebanho ovino e dos seus sistemas de produção a fim de
incrementar a oferta de alimentos sadios - carne e leite para a produção dos
seus derivados - bem como de produtos oriundos da ovinocultura, como a pele e a
lã;
- Estimular o fortalecimento da Extensão Rural, em todo o País para que todo o
conhecimento produzido pela Pesquisa seja levado rapidamente ao campo;
- Estimular o fortalecimento dos grupos de criadores, do associativismo, das
alianças mercadológicas, das cooperativas de produção, como forma de alcançarem
os objetivos mais rápidos e massivamente;
- Estimular a formação e qualificação da mão de obra, em todos os níveis de
aprendizado, e de processos de produção (fiação de lã, artesanato, cortes
ovinos, produção de lácteos, etc), a fim de obtermos uma padronização dos
produtos finais;
- Estimular adoção de Boas Práticas de Manejo e fabricação de produtos visando
atingir níveis elevados de produção sustentável;
- Criar campanhas de produção no campo e de consumo nos centros urbanos;
- Formar subgrupos de trabalho para que viabilizem a realização deste objetivo
maior e a criação de fóruns de discussões entre todos os ovinocultores, para
saber quais serão os outros objetivos a serem alcançados até esta data, de
forma que todos que viajarem ao Brasil, durante os dois eventos esportivos,
quando voltarem aos seus países, saiam com uma imagem de primeira grandeza da
ovinocultura brasileira e que queiram seguir consumindo produtos oriundos desta
atividade, feitos aqui no País.
Não parecem metas impossíveis. O que precisa para realizá-las é a tomada de
consciência de que a atividade tem sim, total relação com este evento, e pode
participar ativamente dele, fornecendo uma gama de produtos principais e
secundários, levando a marca do produtor de ovinos, para todos os cantos do
País e para o exterior. E para chegar lá, é só uma questão de querer fazer!
Postado por Robert Ferreira artigo do Jornalista Nelson Carneiro da Cunha Moreira, da Agropress Agência de Comunicação